quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Distorções
Em uma campanha política, aquele que tiver a responsabilidade de coordenador, logo após as convenções partidárias, deverá reunir-se com os representantes dos partidos que compõem a coligação e a equipe de marketing para traçar a estratégia da vitória. O pensamento tem que ser de vitória. Uma das primeiras providências é pedir um levantamento de todos os detalhes da vida do adversário, enfatizando os defeitos. A orientação é a de massificar as distorções do caráter do oponente. Escolhe-se um ou dois defeitos, os mais vulneráveis, e dirige-se todo o poder de fogo em cima deles. Se, por acaso, o adversário não tiver nenhuma distorção mais profunda em personalidade, inventa-se uma que mais se aproxime de sua maneira de ser e proceder.
A mentira muitas vezes repetida transforma-se em verdade. O curioso é que,quanto mais absurda é a mentira, mas aceitável ela é pela massa.
Lembro-me de um boato que criaram, em 1989, Foi quando o candidato do PRN Fernando Collor de Melo mostrou uma entrevista com a ex-namorada de Lula, Mirian Cordeiro, acusando o atual presidente de incentivar o aborto de sua filha. Em 2002 ao subir nas pesquisas de intenção de voto, foi adotado então por alguns economistas e comentaristas políticos o termo pejorativo "risco Lula", indicando que se este candidato viesse a ganhar a eleição, a economia do país poderia falir. No mesmo ano na disputa contra José Serra do PSDB a atriz Regina Duarte que apareceu na televisão dizendo que tinha medo da eleição de Lula, a peça, produzida pela campanha de Serra não colou, e o mote da esperança falou mais alto, eram tempos de ruptura política com um modelo defasado e excludente, severamente pesado com as camadas sociais mais populares.Este episódio marcou o tom de uma espécie de campanha que, sem argumentos convincentes, tentava convencer amedrontando as pessoas. Agora essa tática estaria sendo usada novamente agora, contra a petista Dilma Rousseff.
O candidato deve estar atento quando, no cenário eleitoral, surgir uma conjugação de fatos que possibilite uma credibilidade ao boato. Contra-ataque de imediato. A verdade sempre predomina sobre a mentira. Não subestime, entretanto a meia-verdade. Ela é mais perigosa do que a mentira.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Ato de Votar
A complexidade da alma humana é muito bem retratada no ato de votar. Vota-se por gratidão, admiração, medo, ideologia, dinheiro, amizade, ódio, simpatia, indiferença, respeito, inveja. Qualquer que seja o sentimento direcionador do voto existe uma causa, um porquê, geralmente muito forte.
O voto de gratidão é o mais nobre de todos, pelo fato da gratidão ser mais sublime das virtudes. Fuja do ingrato. Ele é o mais nocivo dos indivíduos.
Admiração e respeito se confundem no processo de votar. É o predomínio do mérito. É o voto de grandeza.
Ideologia é o predomínio das idéias dentro do jogo político. Os adeptos de cada corrente rotulam-se de esquerdista e direitista.
A compra de consciência, ou a compra do voto, é a mais vil das atividades eleitorais. O desgaste da classe política motivou em muito a venda do voto. Troca-se o voto por um colchão, uma cesta de alimentos, um cobertor, máquina de costura. O eleitor, convencido de que o resultado da eleição em nada vai alterar a sua vida, aproveita o período eleitoral para conquistar pequenos favores. Dentre desse quadro, só existe uma maneira de diminuir o impacto negativo da compra da cidadania : aconselhar que o eleitor receba o dinheiro ou objeto solicitado e vote em quem achar melhor para seu núcleo habitacional. É uma maneira de desestimular os compradores de voto.
Amizade e simpatia são votos afetivos, passionais. O eleitor nem discute as qualidades do candidato. Quanto mais os adversários apontam defeitos, maior é o estímulo para ele votar e brigar por seu ídolo.
O voto do ódio é aquele que não enxerga nenhuma virtude no candidato. Dependendo do caráter do eleitor, ele é capaz das piores calúnias e infâmias.
O indiferente nega a legitimidade do regime. Não acredita em nenhum político. Considera todos eles farinha do mesmo saco.
A inveja é um sinal de admiração negativo, mas admiração. Você só inveja aquilo que gostaria de ser e não é.
Ela gera o despeito e, automaticamente, o desejo de que o candidato seja derrotado. De público não assumirá nunca a inveja. Por mais agressivo que seja, na verdade é um sofredor.
Tenho um respeito imenso pelo voto. Milhões de pessoas morreram para que tivéssemos o direito de escolher os nossos governantes e os parlamentares que elaboram as leis que norteiam o viver em sociedade. É conquista de uma comunidade superior.
Eleições
É conveniente refletir sobre o passado do candidato. Não se contentar, apenas, com as aparências. A melhor maneira de conhecer alguém é através do seu passado. Obviamente, as pessoas podem evoluir, melhorar a sua maneira de ser e proceder, porém, o ontem tem muita influência sobre o hoje. É interessante estarmos, sempre que possível, em harmonia com a natureza. Não se conhece, no mundo natural das coisas, nenhum caso de alguém haver plantado abacaxi e colhido banana. Campanha eleitoral não é concurso de beleza. É um debate no campo das idéias.
O candidato não pode ser egoísta. Ao nosso reino tudo. Ao vosso reino nada. Não deve ser narcisista. Imaginar que o mundo gira em torno dele. Não pode ser invejoso, intrigante, nem pessimista. Tem que ser solidário, otimista, paciente, modesto, confiante e possuir coragem cívica.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
O Burro
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